Seu caso é inédito na história do mergulho, atividade que pratica em sua profissão. Há quatro anos, minutos após ter emergido da água, seu corpo começou a inchar, mantendo-se assim desde então.
Dos cotovelos para baixo, seus braços poderiam ser os de qualquer outro homem de 56 anos saudável. São seus bíceps, com 62 e 72 cm de circunferência, que atraem os olhares e fazem com que ele tenha vergonha de sair na rua.
As protuberâncias se fundem com seus ombros. Seu peitoral inflado cai sobre seu estômago – suas costas, cintura e coxas também têm um volume maior do que o normal. Ao fator estético, somam-se a dor nos ossos e o chiado em seu peito toda vez que respira.
Por isso, um mergulhador deve subir em etapas, com paradas de tempos em tempos. Uma subida rápida pode gerar bolhas de nitrogênio grandes demais, que podem obstruir a circulação sanguínea e gerar uma síndrome de descompressão.
Por sua vez, uma subida mais lenta dá ao gás tempo suficiente para viajar pelos vasos enquanto ainda tem pouco volume até chegar aos pulmões, por onde são expelidos do organismo. Há tabelas que indicam quantos minutos ou até mesmo horas que devem dedicar à subida em função do tempo e da profundidade a que ficaram submersos.
Não seguir isso pode fazer com que o nitrogênio se expanda em locais como os ossos, gerando necrose, a morte de um tecido por falta de irrigação. Esse mal pode ser identificado por sintomas como inchaço, dores de cabeça e cansaço. Em casos mais graves, pode causar acidentes cardiovasculares que podem deixar uma pessoa paralisada e até matá-la.
42 metros abaixo d'água
Willy perdeu uma das pernas aos 30 anos, pouco depois de ter decidido seguir os pais e trabalhar com a pesca submarina. "Mas isso é normal acontecer com mergulhadores", afirma.
Naquela época, seus colegas o chamavam de pampito, porque ele não se atrevia a ir muito fundo (os pescadores peruanos chamam de pampa a parte mais rasa). "Mas meu fiho mais velho era asmático. Respirava com dificuldade", conta.
Ele começou a ir mais fundo nas águas de Pisco para encontrar mais mexilhões e pagar pelo tratamento do menino, já que não tinha um plano de saúde. "Na época do meu pai, todas as ilhas de Pisco tinham mexilhões. Não era preciso ir além de 14 metros de profundidade. Agora, só os encontramos partir dos 25 metros", lamenta.
Mas, às vezes, é preciso ir mais fundo, chegando a 42 metros. "Temos que nos arriscar, senão não faturamos."
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