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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Estudo questiona se antibióticos devem ser usados até o fim do tratamento

O uso prolongado de antibióticos também pode tornar resistentes as bactérias (Foto: Pixabay)
Uma análise publicada no “British Medical Journal (BMJ)” sugere que a informação de que devemos tomar antibióticos até o fim do tratamento precisa ser melhor avaliada. Há uma argumentação central que sustenta o ponto de vista dos pesquisadores -- quanto maior o tempo de uso de antibióticos, maior a probabilidade das bactérias se tornarem resistentes (aquelas mais difíceis de tratar).
Escherichia coli, bactéria comum no organismo humano e normalmente inofensiva  (Foto: NIH - National Institute of Health)
Na verdade, trata-se de um quebra-cabeça que a ciência está tentando entender e há muito tempo discute. Se por um lado, a interrupção precoce também pode gerar organismos resistentes; por outro, também é fato que tratamentos longos desencadeiam o mesmo fenômeno.

Assim, adiantamos: não é recomendável parar de tomar antibióticos sem orientação médica. Isso é uma questão ainda em avaliação pela ciência e o artigo do BMJ faz um questionamento para pesquisas futuras.


Desse modo, a análise levanta alguns pontos para investigação: qual o tempo ótimo para parar de tomar antibióticos? Estamos prestando atenção nesse tempo? E em termos populacionais, o que o prazo de tratamento significa?

Ainda há um segundo desdobramento da análise publicada nesta quarta-feira (26). Um tratamento com antibióticos não atinge somente a bactéria que está causando a infecção -- atinge a todas. Carlos Kiffer, infectologista e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), exemplifica




“Suponhamos que você tem uma criança com infecção respiratória causada por patógenos do tipo streptococcus. Você dá o antibiótico e elimina esse micro-organismo específico. Só que, a criança, como todo mundo, possui muitas bactérias no intestino”, diz o pesquisador.


“Eis que é possível que no futuro uma E.coli, que representa cerca de 80% das bactérias, pode ficar resistente e causar uma condição grave.”


A ideia do artigo do BMJ, assim, é que não basta só olhar para a bactéria-alvo, mas para todo o conjunto de bactérias existentes no organismo.


Isso em termos populacionais é ainda mais importante – já que, se as pessoas tiverem menos bactérias resistentes, menor é a probabilidade de que esses organismos se espalhem pelo mundo. Com isso, evitamos um grande problema de saúde pública: de que no futuro não haja tratamento disponível para alguns tipos de bactérias.

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