
Apontado como um dos intermediários das propinas pagas no esquema de corrupção que atuava na Petrobras, Júlio Camargo é um dos delatores da Operação Lava Jato. As declarações de Youssef foram dadas em uma série de depoimentos prestados à Polícia Federal (PF) em outubro do ano passado e anexados nesta quinta-feira (12) no processo da Lava Jato.
"Que o dinheiro entregue pelo declarante [Youssef] em São Paulo servia para pagamentos da Camargo Corrêa e da Mitsui Toyo ao Partido dos Trabalhadores, sendo que as pessoas indicadas para efetivar os recebimentos à época eram João Vaccari e José Dirceu"registrou a PF no depoimento prestado pelo doleiro em 10 de outubro de 2014.
A Camargo Corrêa é uma das 16 empreiteiras suspeitas de terem formado um cartel para executar obras da Petrobras, o chamado "clube" das empreiteiras. Já a empresa Mitsui Toyo, representada por Júlio Camargo, fechou uma parceria com a Petrobras, em 2006, para a construção de navios-sonda e plataformas petrolíferas.
Preso desde março em Curitiba, o doleiro relatou aos policiais federais, em 13 de outubro, que o executivo da Toyo Setal tinha "ligações" com o PT, "notadamente" com Dirceu e Palocci. Segundo Youssef, Camargo é "amigo" de José Dirceu.
Em nota divulgada no site de Dirceu (veja a íntegra ao final desta reportagem), a assessoria do ex-ministro afirmou que ele “repudia com veemência” as declarações de Youssef de que teria recebido recursos ilícitos de Júlio Camargo ou de “qualquer outra empresa investigada” na operação.
O ex-chefe da Casa Civil declarou ainda no comunicado que nunca representou o PT em negociações com o empresário ou com outra construtora e que, depois que deixou o primeiro escalão do governo Luiz Inácio Lula da Silva, sempre viajou em aviões de carreira ou táxi aéreo.
“As declarações são mentirosas. O próprio conteúdo da delação premiada confirma que Youssef não apresenta qualquer prova nem sabe explicar qual seria a suposta participação de Dirceu”, afirma a nota divulgada pela assessoria de Dirceu.
A Secretaria de Finanças do PT publicou nota na página do partido no Facebook (veja a íntegra no final desta reportagem) na qual informa que João Vaccari nega “veementemente” ter recebido qualquer quantia em dinheiro por parte de Alberto Youssef. No comunicado, a legenda ressalta que são “absolutamente mentirosas” as acusações feitas pelo doleiro.
“A afirmação de Youssef causa profunda estranheza, pois sua contadora, Meire Bonfim Poza, declarou à CPI Mista da Petrobras, no último dia 8 de outubro, que não conhece e que nunca fez transações financeiras com Vaccari Neto”, diz a nota do PT.
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